"Tudo bem se não entender, mas é preciso se lembrar que a ansiedade não tem um rosto, na maioria das vezes é imperceptível. A ansiedade não é um jogo, você não decide quando tê-la e infelizmente, não é possível desligá-la."
O sentimento de estar preso no mundo caótico que
existe dentro de você mesmo. Aquele
mundo onde a aflição predomina além de qualquer outro sentimento ou
ambição. O mundo em que todos os dias
são vividos como era vivida a noite pré-passeio escolar. O mundo onde você
tenta dizer e não consegue. Onde todas as tentativas de explicar o porquê de
estar ofegante são em vão.
A ansiedade é
inexplicável, mas talvez falar dela seja a melhor forma de fugir do aperto que
traz tê-la diariamente te colocando contra a parede ao ver que já se passou
outra noite e você não conseguiu dormir.
Ao acordar, sente-se preocupação. E
angústia. De casa até o ponto de ônibus, o sentimento foi de medo, como se a
qualquer momento algo de muito ruim fosse acontecer e de qualquer forma, ele não
esperava estar preparado pra isso.
No
trabalho, ás vezes tinha que parar. Leu em algum site que era importante
respirar fundo dez vezes, prestando atenção em cada circulação de oxigênio. Às
vezes não funcionava.
Era
prejudicado. Na reunião seus pés não paravam de balançar e no mesmo dia se
pegara roendo as unhas de novo. Sempre pediam pra repetir o que falava. Era
rápido demais.
E
naquela noite não conseguiu dormir, e suas mãos tremeram de novo. Taquicardia
de novo. Chegou a levantar assustado, como se não conseguisse respirar. Ele
estava respirando a um segundo atrás, mas agora seu corpo começara a formigar.
Inspira, respira, inspira, respira, inspira, respira.
E
na manhã seguinte, mais uma reunião. O café não fazia efeito. Sente o coração
bater muito forte, começa a suar frio e é difícil respirar. É tomado por
sentimentos de medo e confusão mental.
Suas
olheiras estavam piores. Tinha prova na faculdade á noite e não estudara. E
tinha outra reunião amanhã às 10h, mas ainda não havia preparado seus
relatórios para apresentar e a reunião era só amanhã, mas ele não tinha tempo,
pois tinha prova na faculdade e ele não conseguiu estudar. Mas acabou tendo a
noite inteira, não conseguiu dormir.
Na manhã seguinte, estava ofegante. E suas olheiras
estavam piores. E assim seguiam-se dias. Mo mesmo cotidiano eterno, tão
diferente e ao mesmo tempo tão igual.
Não é brincadeira,
muito menos sentimentalismo. É uma dor real e assemelha-se com algo incurável,
uma aflição que parece não ter fim. Um buraco sem saída seria pouco, se torna a
parte mais agonizante da rotina, uma parte que pesa e se torna concreta.
Não diga pro
ansioso superar, não diga que ele precisa aprender a se controlar, não diga que
é só uma fase e que logo passa. Tudo bem se não entender, mas é preciso se
lembrar que a ansiedade não tem um rosto, na maioria das vezes é imperceptível. A ansiedade não é um jogo, você não decide quando tê-la e infelizmente, não é possível desligá-la.
Foto por Joy Katie Crawford